quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Poema

 SONHOS ACORRENTADOS
A corrente que me aperta
Pensava ser de aço e de prata
Saiu de uma caixa aberta
De uma joia quase certa
Descobriu-se depois, ser de lata.

Saiu sob a forma de pensamentos
Numa manhã chuvosa
Mostrando nossos sentimentos
Como quem volta no tempo
Numa brilhante nebulosa

E assim, um dia, já fomos felizes
Quando esperançosos acreditávamos
Na lua e no arco-íris
Quando premeditávamos
A sombra da figura de Isis

No entanto o tempo não perdoa
E com ele, a idade voa
Mostra-nos e caçoa
Que os anos passam, amaldiçoa
Onde a lenda não mais soa

Por isso, esqueçamo-nos de tudo
Cuidemos de nossas responsabilidades
Absurdas, legítimas e hipócritas
Pois nada mais importa
Apenas a nossa utópica felicidade

Vamos buscá-la
O mais depressa possível
Auxilie-me nessa empreitada
Não tenha medo, não é difícil
Precisamos apreciá-la, resgatá-la

Viver os dias inevitáveis e furtivos 
Que escapam de nossos músculos cardíacos  
Viver como lépidos fugitivos
Percorrendo as linhas da Iliade 
Em sonhos jamais concluídos

E, parar, cansar, deitar
Num último e leve suspiro
Sentindo que tudo feito valerá
Se não aqui, acolá
Depois que tudo tiver sumido.

Miguel D'Estro "O sonhador"



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