SONHOS ACORRENTADOS
A corrente que
me aperta
Pensava ser de
aço e de prata
Saiu de uma
caixa aberta
De uma joia
quase certa
Descobriu-se
depois, ser de lata.
Saiu sob a forma
de pensamentos
Numa manhã
chuvosa
Mostrando nossos
sentimentos
Como quem volta
no tempo
Numa brilhante nebulosa
E assim, um dia,
já fomos felizes
Quando esperançosos
acreditávamos
Na lua e no arco-íris
Quando premeditávamos
A sombra da
figura de Isis
No entanto o
tempo não perdoa
E com ele, a
idade voa
Mostra-nos e caçoa
Que os anos
passam, amaldiçoa
Onde a lenda não
mais soa
Por isso, esqueçamo-nos
de tudo
Cuidemos de
nossas responsabilidades
Absurdas,
legítimas e hipócritas
Pois nada mais
importa
Apenas a nossa utópica
felicidade
Vamos buscá-la
O mais depressa
possível
Auxilie-me nessa
empreitada
Não tenha medo,
não é difícil
Precisamos
apreciá-la, resgatá-la
Viver os dias
inevitáveis e furtivos
Que escapam de
nossos músculos cardíacos
Viver como
lépidos fugitivos
Percorrendo as
linhas da Iliade
Em sonhos jamais
concluídos
E, parar,
cansar, deitar
Num último e
leve suspiro
Sentindo que
tudo feito valerá
Se não aqui,
acolá
Depois que tudo
tiver sumido.
Miguel D'Estro "O sonhador"
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