segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ENGANOS.

Um pai diz ao psicopedagogo:
“Meu filho não pode ter nenhum transtorno de aprendizagem porque quando pega meu Tablet, me mostra que sabe acessá-lo mais do que eu.”
E fico pensando: se um Tablet fosse instrumento clínico para detectar algum transtorno de aprendizagem, não haveria a necessidade da nossa profissão. Ao invés de uma anamnese e algumas sessões, bastaria comprar um Tablet e fazer um testezinho em casa, concordam comigo?
Mas voltando a seriedade que o tema exige, peço mil desculpas para quem está lendo esse texto por causa da brincadeira em um assunto tão relevante e impactante. Mas a mensagem é: o que não conhecemos, é melhor não opinar. Quem chega a dizer tamanha infâmia, não sabe que o problema é muito maior do que se imagina. Não sabe, por exemplo, que a dificuldade de aprendizagem pode está, entre outras situações, na coordenação motora fina causando um transtorno na escrita da criança chamada de disgrafia, e que essa disfunção, não vai ser empecilho quando estiver manuseando o instrumento (Tablet), mas irá ser um grande empecilho quando essa criança precisar escrever uma redação ou algum trabalho na escola e que em torno de tantos rabiscos, nem a professora será capaz de decodificar.
Não vai ser um empecilho para o Tablet quando ela precisar baixar músicas, jogos ou desenhos, mas talvez seja um grande problema quando precisar sequenciar números, fazer uma simples continha de adição, entre outras ações e descobrir que alguma coisa errada está acontecendo com ela porque todos na sala de aula já sabem fazer essas ações e ela não.  E então o Tablet não irá suspeitar que ela talvez possua um quadro de Discalculia  Como também o Tablet do pai não será capaz de descobrir tantos outros transtornos que os jovens podem ter hoje, mas o psicopedagogo juntamente com uma equipe multidisciplinar pode e deve diagnosticar.
Portanto, o recado que deixo para esses pais que já diagnosticam as dificuldades dos filhos é que tenham cuidado, pois em tempos idos, muitos jovens que tinham inteligências brilhantes para muitas ações, se tornaram homens e mulheres frustrados porque a maioria das pessoas que viviam ao seu redor, não acreditaram e não lhes deram as oportunidades que mereciam.               


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